8 de jun. de 2010

Falta de assunto significa: Top Ten!

Lugar-comum da blogaiada é em rareando o assunto, tascar um belo Top-N, os melhores --ou piores-- em alguma classificação, categoria ou coisa que o valha.

Como este blog não está aqui para transgredir, vai aí o meu Top Ten. O altamente individual, personalizado e proprietário ranking dos 10 melhores jogos de Atari 2600, na ordem reversa, como dita a moda:

10. Jungle Hunt

Torne-se um simpático e róseo aventureiro. Balance nos cipós das mais altas copas de árvores de uma floresta fechada. Nade em um rio infestado de crocodilosos jacarés, prontos para virar bolsa. Salte e se desvie de pedras e pedregulhos impediosamente arremessados contra você. Fuja dos chefes tribais, antes que eles o hipnotizem com seu ritmo peculiar e pulem em cima de você. Salve a mocinha, desfrute da sua gratidão momentânea em forma de bônus e... comece tudo outra vez! Com um pouco mais de dificuldade, vá...

Grande clássico do Atari 2600, dotado de belos gráficos, padrões distintos e desafios diferenciados, Jungle Hunt tinha lá o seu charme. Além, é claro, de ser o alvo preferido dos erros de pronúncia em inglês da garotada: cada um dizia o nome de seu próprio jeito. O meu era Junglerrante.

9. Frankenstein's Monster

Não permita que o monstro de Frankenstein viva! Sepulte-o na parede, pedra por pedra, antes que seja tarde demais! Desça pelos três níveis do castelo, evitando aranhas, --super-- traças, morcegos, buracos e outros inimigos. Use cordas, salte nos momentos certos. Apanhe e leve os tijolos para cima rapidamente, antes que o monstro desperte e ataque!

Esse jogo era um dos meus preferidos, talvez o segundo no ranking, na época. Caiu algumas posições, mais ainda continua entre os tops. Destaque para o final do jogo, quando o monstro escapa e ataca. Um dos finais de jogos mais elaborados da época!

8. Jawbreaker

Clone de Pac-Man muito melhorado. Você já sabe: coma todas as pílulas --quebra-queixos, no caso--, evite os inimigos, coma a vitamina e passe a caçá-los por um curto período de tempo. Embora a ação seja restrita a uma única tela, o sistema de passagens que se deslocam e inimigos que são sempre atraídos a nosso herói garantem a superioridade sobre a matriz Pac-Maniana.

Jogo muito divertido e viciante, que não se prende a padrões para sua solução. A rapidez nos reflexos é fundamental!


7. Enduro

Todos estão à sua frente... ultrapasse-os! Duzentos, trezentos por dia, pelo menos. Por estradas sinuosas, pela manhã ensolarada, por terreno coberto de neve, debaixo de rubro entardecer, ao cair da noite e na chegada de densa névoa e, ainda, ao amanhecer, você acelera o seu monoposto (!) automático talhado para o desafio da resistência. Seja rápido, ou no próximo amanhecer você estará fora da disputa!

Um dos mega-clássicos que praticamente definiram o Atari 2600 no Brasil. Como falar de Atari sem citar Enduro?

6. Megamania

Inimigos de diversos e peculiares formatos, com formações distintas querem destruí-lo, seja por projéteis, seja como kamikazes. Destrua-os primeiro e evite a invasão dos ferros de passar de roupa!

Variação definitiva dos shooters de posição vertical fixa para Atari 2600. Embora seja um pouco preso a padrões, a diversidade de inimigos e formações é tamanha que a diversão e o vício são garantidos.


5. Pressure Cooker

Os clientes já fizeram seus pedidos. Agora é sua hora de montar os hamburgers! E só vale o que foi pedido: queijo, alface, tomate exatamente como o freguês quer. Pegue o ingrediente certo ou devolva o errado, sem desperdícios. E ao terminar, leve-o ao lugar certo! O mundo do fast-food é implacável: erros serão descontados do seu salár... digo, da sua pontuação.

Aproveitando o relativo sucesso de Burgertime, a Activision desenhou seu clone, mas com adaptações que o tranformaram num baita jogo para Atari 2600.

E não me venham com a história de que é bolo. É hamburger e ponto final! :D

4. Yars' Revenge

Qotiles unidas jamais serão vencidas! Mas destruir levas e levas de canhões Zorlon é tarefa que cabe somente a você. Primeiro, é preciso acabar com o escudo que o protege, nem que seja a dentadas! Depois é necessário destruí-lo com uma bomba toda especial, que só está disponível quando você come a proteção ou quando sobrevoa inocentemente às bordas do canhão. Mas cuidado! O canhão Zorlon rapidamente se transforma e atira a fatal Swirl, tentando sua destruição a todo custo. Além disso, um chatíssimo míssil teleguiado segue você por todo lugar e também tem que ser evitado! Vingue-se atirando na Swirl!

Talvez o melhor jogo de tela única do Atari. Viciante e envolvente, especialmente por conta do fundo sonoro bem climático, acompanhado de efeitos sonoros e visuais marcantes. O som da morte da Qotile, o efeito visual da explosão do Zorlon/Swirl e o Easter Egg HSWWSH são clássicos em estado puro!

3. River Raid

Armado de infinitos mísseis, mas com combustível limitado, sua missão é simples: atirar em tudo o que se mexer --ou não-- e sobreviver! Navios, helicópteros e aviões devem ser dizimados sem piedade. Pontes que cruzam o rio devem cair. Seja hábil e saqueie o combustível do inimigo, antes que seu avião caia por pane seca. E, para sacanear ainda mais com ele, destrua o posto de combustível ao final do abastecimento!

Shooter --de qualquer espécie-- definitivo, além ser um daqueles clássicos definidores do Atari 2600. E o jogo no qual consigo a maior pontuação!

2. H.E.R.O.

Qual a melhor forma de resgatar trabalhadores presos em minas, cercados por barreiras indevassáveis, animais esquisitos, rochas radioativas, lagos de lava e outros vários perigos? A resposta é óbvia: envie um sujeito com uma mochila-helicóptero às costas, um emissor de raios laser preso ao capacete e meia-dúzia dinamites na cinta!

Clássico com "clá" maiúsculo do Atari 2600. Embora repetitivo, bastante desafiador. O jogo não é tão popular por acaso. Além de ser um libelo à imaginação!

1. Montezuma's Revenge

Montezuma não contou toda verdade aos espanhóis. Dentro de sua pirâmide, tesouros variados escondidos em salas secretas aguardam você, na pele do renomado aventureiro Panama Joe. É claro que os perigos estão por toda a parte: cobras, aranhas, crânios saltitantes, campos de força, pontes e escadas que teimam em sumir e reaparecer vão tantar dificultar sua vida. Utensílios e ferramentas diversos, espalhados pelas salas, serão de vital ajuda!

O padrão gráfico superior, a diversidade de salas a explorar e dos utensílios fazem de Montezuma's Revenge o melhor jogo para Atari 2600. Fato no qual acredito desde a primeira que espetei um cartucho de Montezuma's num Atari, em algum lugar entre 1984 e 85...

2 de jun. de 2010

O crash da indústria de videogames

A partir de 1983 e ao longo de 1984, a então vigorosa indústria de videogames norte-americana experimentou uma quebra sem precedentes, o tão falado Crash de 1983/84. A quebra foi tão importante que deslocou o centro da indústria de VGs dos Estados Unidos para o Japão, fato que até hoje não foi completamente revertido.

A Atari, como líder de mercado a época, pode ser apontada como a principal semeadora da desgraça. Direta ou indiretamente, contribuiu para que o mercado praticamente cessasse de existir. Se não fosse a Big N um ano depois, talvez os VGs seriam apenas curiosidades de museu hoje em dia...

Inundação de consoles

Nos primeiros anos da década de 80, embora o 2600 fosse o líder por larga margem, chovia console no mercado americano. Além do 2600, a própria Atari fabricava o 5200. Isso sem contar com Intellivision, Colecovision, Odyssey2 e outros consoles mais obscuros para os brasileiros como Vectrex, Emerson Arcadia, Fairchild Channel F, Bally Astrocade e Tandyvision.

Cada console contava com sua biblioteca exclusiva de jogos e hardware específico. Muita quantidade e, em via de regra, pouca qualidade: receita para o desastre.


Perda do controle da publicação

Com o sucesso da Activision, e a conseqüente perda de controle da Atari na publicação e vendas de jogos, várias empresas se apressaram para tentar surfar a onda Atari 2600. Muitas delas sem a menor ligação com o mercado de VGs --a US Games, por exemplo, era uma divisão da Quaker (aveia)!-- e a maioria sem a menor condição técnica de desenvolver um jogo interessante sequer.

O resultado foi uma enxurrada de jogos de baixíssima qualidade. O horripilante --no pior sentido-- Skeet Shoot é o símbolo maior dessa era!

Concorrência dos computadores pessoais

Com hardware mais evoluído, os computadores de 8 bits de então, como o TRS-Color e o C-64, começaram a obter fatias do mercado de VGs. Além de jogos melhores, ainda havia o fato de que o computador tinha mais utilidade que um VG, reduzido a um mero brinquedo.

Sem contar o custo menor de jogos armazenados em fitas cassetes ou disquetes do que de jogos em cartuchos contendo ROM, não obstante muitos computadores usassem também cartuchos.

Pá de cal: Pac-Man e E.T. the Extra-Terrestrial

Tentando aproveitar a Pac-Man Fever do começo da década de 80, a Atari adquiriu os direitos de conversão do Pac-Man para VGs. Na correria, para aproveitar o Natal de 81, programou a conversão que foi execrada por público e crítica.

Embora tenha vendido como água, não atingiu nem metade da expectativa --absurda!-- da Atari. O resultado foi um prejuízo maciço.

Não contente em atear fogo ao dinheiro, nossa querida Atari adquiriu os --bem caros para época-- direitos de produção de jogo baseado no filme E.T. Novamente uma produção nas coxas --5 semanas do "vamos fazer" ao "está pronto"-- e novamente um erro grotesco nas estimativas de vendas.

E.T. the Extra-Terrestrial foi um fracasso em todos os sentidos: crítica, público, vendas, noção de mercado e qualquer outro fator que você quiser incluir aqui.

Como resultado, além de mais um enorme prejuízo, milhões de cartuchos tiveram de ser enterrados numa área no deserto do Novo México, mas isso é assunto para outro post.

Duas bombas seguidas foram o limite: em dois anos a Warner vendeu a Atari para Jack Tramiel.

Dada sua posição de líder, a Atari foi derrubando a indústria, empresa a empresa. A maior parte das third-parties faliu. Companhias de maior porte simplesmente se retiraram do mercado.

Só no ano seguinte, 1985, é que haveria vida nova para os videogames. Graças, principalmente, a uma certa Big "not-so-big-then" N.

1 de jun. de 2010

Jogos desconhecidos: Crossbow

Crossbow (Atari, 1988) é mais uma tentativa de conversão de um sucesso dos arcades para o 2600. E, como toda conversão da época, sofre com o downsizing necessário para rodar no 2600.

Imagine um jogo para pistola, mas sem pistola. Pois é... Apenas as versões para arcade, 7800 e XEGS suportam a danada. O arcade, inclusive, tem uma réplica de uma besta como arma.

No 2600, o negócio é na base do joystick, mesmo...

De qualquer forma, é um jogo ao menos interessante, com fases bem distintas e belos gráficos. De uma perspectiva em primeira pessoa, seu principal objetivo é ajudar seus companheiros que vão um a um passando por diversos cenários perigosos. Utilizando sua mira --um simpático retângulo-- você deve apontar e atirar para detonar os obstáculos e inimigos que vão aparecendo pelo caminho, além de proteger seus trutas.

Às vezes atirando, às vezes apenas mirando, você tem que passar por um deserto com escorpiões, uma caverna congelada cheia de estalactites que teimam em cair, uma floresta com uns macacos chatos que atiram cocos --a fruta--, uma área vulcânica em que chovem cinzas e uma ponte elevadiça de um castelo protegida por um arqueiro... ô lôco!

Isso contar o interior do castelo, protegido por um dragão que --imagine só!-- cospe fogo sem dó! Por que esse pessoal gosta de colocar dragão prá proteger castelo? Proteger o quê? Quem é que vai morar com o bichão lá dentro? Enfim...

Como se trata de um jogo de 16KB, tenho quase certeza que não chegou a ser pirate... ops! produzido no Brasil. Mas, é claro, se você conhecer uma versão nacional de Crossbow é só nos avisar!

A única versão americana disponível é a Red Label, relativamente fácil de achar e de custo médio-baixo, digamos assim.

Não é o jogo definitivo para 2600, mas é uma aquisição bastante decente para sua coleção, seja você jogador ou colecionador.

Só dois anos: coisa pouca.

Só dois anos sem postar nada!

Bom, vamos retomar!