19 de jun. de 2008

Fabricantes nacionais: CCE

A indefectível empresa CCE foi uma das maiores fabricantes de produtos ligados ao Atari 2600 no Brasil. Seus cartuchos e consoles eram bastante comuns entre a molecada dos anos 80. Alguns jogos, inclusive, eram únicos, como Pizza Chef, Stone Age e Immies & Aggies.

Supergame VG-2800 e a série temática colorida

Em 1984, embarcando na onda Atari 2600 que se consolidava no Brasil, a CCE lançou o seu primeiro clone de console, o Supergame VG-2800, acompanhado de 9 cartuchos, a famosa série temática colorida.

O design era, por assim dizer, "inspirado" no clone americano Coleco Gemini, exceto pelos controles, os dos famosos botões amarelos, que eram baseados no Gemstik, um joystick genérico bem confiável.

Porém, o grande diferencial eram os 9 jogos iniciais. Como não eram cópias de jogos americanos, eram quase desconhecidos por aqui: Mr. Postman, Dancing Plate, Bobby is Going Home, Open Sesame, Sea Monster, Mission 3000 AD, Space Tunnel, Phantom Tank e Squirrel. Esses jogos foram desenvolvidos por uma empresa alemã chamada Bit Corp. Os cartuchos eram montados em cases brancos --outra "inspiração" na Coleco-- com labels coloridos, sendo uma cor para cada e com um screenshot do jogo.

Os cartuchos Standard e a Série Ouro

(revisão sugerida por um grande amigo) Na carona do sucesso do VG-2800, uma nova leva de cartuchos surgiu, incluindo principalmente os jogos americanos mais conhecidos, acrescidos de algumas exclusividades, como o Pizza Chef, por exemplo, um jogo que, apesar de completo pela não menos indefectível Zimag, não tinha sido lançado nos EUA! Esta série de cartuchos é conhecida por seu label padrão com o desenho de uma nave espacial cujo painel de controle era o próprio VG-2800, e o nome do jogo acima.

Ao lado de Pizza Chef, podemos citar outras duas exclusividades como Immies & Aggies e Stone Age, jogos que, além de não terem sidos lançados comercialmente nos Estados Unidos ou Europa, têm origem controversa e contestada até hoje nos círculos do colecionismo.

Em seguida aos cartuchos Standard, mas sem interromper sua produção, foi lançada a série ouro, integralmente composta de jogos de 8Kb, cujo label lembrava a série standard, exceto pela cor dourada e o código iniciando por C-10, ao invés do C-8 tradicional.

Supergame VG-5600

Algum marketeiro achou a idéia revolucionária e a vendeu muito bem a seu patrão: "Que tal dobrar o nosso nome-código?". E assim era lançado, ainda em 1984, o Supergame VG-5600! Sinceramente, ignoro quais razões levaram a essa mudança de nome: por fora, a aparência era mesma. Talvez internamente algum redesenho da placa, mudança de componentes ou alguma outra coisa tenha mudado. Mas, nada, absolutamente nada que justificasse essa guinada.

Supergame VG-3000 e série temática

Em 1985, mais um console chega ao mercado pelas mãos da CCE: o simples, retilíneo e escuro VG-3000. E com ele, novidades: novo joystick baseado no combo joystick+paddle Gemini, exceto pelo pequeno detalhe de omitir o paddle. Outro diferencial era o pacote de dois (ou eram três, alguém me corrija!) cartuchos que acompanhavam o console.

Com o passar do tempo houve um natural aumento da base instalada de consoles, exigindo menor demanda deles. Por outro lado, ampliou-se a demanda por jogos. E nisso a CCE se houve bem. (revisão sugerida por um grande amigo) Mais uma série de cartuchos foi lançada: a série temática, na qual cada jogo tem sua "pretensa" ilustração no label.

Com o esfriamento do mercado brasileiro para o Atari 2600, entre 1987 e 1988, a CCE fez o que as outras empresas dispostas a arrecadar uns trocados fizeram: pularam para outra onda. A CCE ainda pulou no barco furado de nome MC-1000 (correção apontada por um leitor deste blog), um microcomputador de um padrão tão esquisito que pode ser considerado um semi-MSX! Mas, salvou-se a tempo agarrando-se a onda NES.

Label Maker 2600

http://www.labelmaker2600.com/

Um site divertido para criar seu próprio label de cartuchos de Atari 2600, em três dos quatro padrões desenvolvidos pela Atari americana, com várias opções e você ainda pode fornecer sua própria imagem.

Você pode até "restaurar" aquele seu cartucho com label impraticável. Embora isso destrua a originalidade da coisa...

Ao lado, uma brincadeira minha. No site é gerado também o "end label".

Coleção de Atari 2600, um começo

Movido pela nostalgia, há sempre alguém que deseja reviver de forma concreta as sensações da infância. Para os trintões, talvez o Atari seja o brinquedo que mais desperta esse tipo de lembranças.

Se você tem a intenção de começar uma coleção de Atari agora, parabéns! Como a "onda" Anos 80 praticamente passou, isso indica que sua ligação com o Atari é realmente forte, não apenas sujeita a modismos.

Não há regras cravadas em pedra para iniciar ou manter uma coleção de Atari. Aliás, uma parte interessante do processo é ir aprendendo tudo o que cerca o colecionismo. Mas, ainda assim, publico algumas dicas que podem ser úteis para o iniciante.

  • Conheça mais sobre o Atari. Não confie somente nas suas lembranças, pesquise! Na internet há farto material sobre o Atari. Google neles! Você vai se sentir muito mais confortável para colecionar quando souber o nome daquele joguinho do tanque-que-atira-prá-cima que você tanto gostava. Além disso, há tanta coisa nova para se aprender sobre o Atari que você se surpreenderá, especialmente sobre o mercado norte-americano.

  • Comece pesquisando o Mercado Livre. O ML é, infelizmente, o grande ponto de compras para se montar uma coleção no Brasil. No entanto, segure o dedo nervoso e não saia comprando tudo o que vê. Não existe nenhuma "tabela" ou "guia" de preços no Brasil, o quanto vale um cartucho ou console é basicamente um feeling que se desenvolve com o passar do tempo. Procure conhecer os vendedores, não só pela pontuação do ML, mas também pela regularidade e por um outro fator que sempre me ajudou a separar o joio do trigo: a qualidade do anúncio do cara lá no ML.

  • Defina o seu perfil e estabeleça objetivos. Em primeiro lugar, nunca inicie um coleção com o objetivo de "ter tudo". Acredite, é impossível. Sempre falta alguma coisa, mesmo para os maiores colecionadores do Brasil e do mundo, alguns dos quais eu tenho a honra de conhecer. Defina se você quer apenas os jogos que gosta (isso poupará você de comprar 95% dos jogos de Atari!) ou se você quer os jogos de um determinado fabricante ou estilo, por exemplo. Mantenha uma lista Top-10 do que você quer adquirir sempre atualizada.

  • Quando chamado, associe-se a grupos de discussões e fóruns. Quando você já tiver formado uma pequena rede de vendedores de confiança, é muito provável que você seja convidado para participar de algum fórum ou grupo de discussão na internet. Alguns grupos de colecionadores são mais herméticos. Outros são completamente abertos a novatos. De qualquer forma, a participação neles enriquecerá seus conhecimentos e ampliará as possibilidades comerciais da coleção. Mas, vale a regra de ouro: pesquisar sempre!

  • Não leve sua coleção a sério, não se apegue. Eu respeito muito quem leva a sério suas coleções, porém eu jamais fiz ou recomendaria fazer isso. A experiência mostrou que isso é meio caminho andado para desavenças. Em algumas disputas de leilões, o sangue ferve. Tenha sempre em mente que aquilo que você coleciona são apenas dispositivos eletrônicos de tecnologia ultrapassada. Ou, como prefiro dizer, apenas um monte de videogueime véio. São só brinquedos: não vale a pena brigar por causa deles. E, quando estiver de saco cheio, venda tudo! Sempre é possível recomeçar.

É claro que existe muito mais o que se aprender nesse meio. Mas, como eu disse, um dos grandes baratos do colecionismo é aprender sobre o próprio colecionismo! E isso é uma experiência muito particular.

18 de jun. de 2008

Atari 2600 em números

  • 14 Anos. Esta foi a duração oficial do Atari 2600 nos Estados Unidos desde o lançamento do Atari VCS, o famoso Heavy Sixer em 1977 até 1990, último ano de produção de cartuchos para o sistema.
  • 250 dólares. Foi o investimento de Nolan Bushnell para fundar a Atari Inc. em 1972.
  • 28 milhões de dólares. Foi o preço pago pela Warner pela aquisição da Atari, em 1976, junto ao fundador, Nolan Bushnell. Ele, sozinho, embolsou US$ 15M.
  • 9 jogos foram lançados para o Atari 2600 em 1977, ano de seu lançamento. Combat, Air-Sea Battle, Star Ship, Indy 500, Street Racer, Video Olympics, Surround, Blackjack e Basic Math.
  • Mais de 400 jogos únicos foram lançados comercialmente nos Estados Unidos durante a vida oficial do 2600. Ainda hoje são lançados jogos, os famosos homebrews, criados por programadores entusiastas do 2600.
  • 415 milhões de dólares. Foi o lucro bruto da Atari em 1978. Em 1984, ano do crash, a empresa reportou um prejuízo de US$ 536M.
  • 128 bytes de RAM. Sim, eu disse 128 bytes de RAM, não Kilobytes muito menos Megabytes, era o que dispunha o 2600 para os programadores se "virarem"! É claro que foram criados vários artíficios para suplantar essa limitação.
  • 5 milhões de cartuchos não vendidos do jogo E.T. The Extra-Terrestrial presumivelmente foram enterrados pela Atari em uma área desconhecida do deserto do Novo México - EUA, fato que constitui a maior lenda urbana que orbita em torno da Atari.
  • 6507 é o processador de 8 bits utilizado pelo Atari 2600. Trata-se de uma versão com menos (poucos) recursos do processador de 8 bits mais famoso da Motorola, o 6502.
  • 44 jogos foram lançados pela Activision, a pioneira e maior empresa third-party do 2600. Comprou briga e ganhou da Atari, nos tribunais americanos, o direito de produzir jogos para o 2600.
  • Mais de 30 empresas produziram, ou tentaram produzir jogos para o Atari 2600. A grande maioria delas foi varrida pelo crash de 1984.
  • 3.000 dólares. É o preço que pode alcançar, em leilão, o cartucho mais raro lançado comercialmente para o 2600 nos EUA: Air Raid.
  • 4 Kbytes de ROM. Esse é o limite de ROM endereçável diretamente para jogos do 2600. Técnicas de bankswitching permitiram expandir esse limite para até 64 Kbytes.
  • 114.000 pontos. É escore máximo possível em Pitfall. Desde que você use as passagens subterrâneas.
  • 10 cents. Foi o valor que o programador Tod Frye ganhou para cada cartucho de Pac-Man vendido, jogo convertido dos arcades por ele. Foram vendidas quase 10 milhões de cópias do jogo, o que fez de Frye um milionário.
  • 5 semanas. Foi o prazo dado ao programador Howard Scott Warshaw para criar, do zero, o jogo E.T. The Extra-Terrestrial. Normalmente, os projetos de jogos tinham prazo de 20 a 25 semanas.

Post inicial

Tudo o que a internet mais precisava: um outro blog!

E esse é old-nerd! Fala principalmente sobre o Atari 2600, o grande videogame da história. Mas dá seus pitacos sobre outros VGs clássicos e neo-clássicos.

Não perca seu tempo comparando com os VGs atuais, seus zilhões de polígonos, texturas e sons 5.1: nada se compara à imaginação, à criatividade e à ludicidade do 2600!

Foram longos 14 anos de vida oficial. Sobreviveu --ainda que tenha sido o "causador"-- ao maior crash da história do mercado de VGs. E tem muita história prá contar!